quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um novo Possível

Acho que chorar não é nem um pouco expressão de desânimo, quando não se percebe com clareza o novo horizonte, não para o nosso caso, senão para lavar a alma e fazer brotar a esperança de um novo possível. A força com que semeamos a mudança não pode fenecer frente às inesperadas decepções, resistências, ou do não sabermos acerca do necessário empenho em manter em movimento de reflexão contínua os atores da organização do trabalho educativo por processos coletivos, construtivos e, sobretudo criativo. Há de se resgatar o diálogo entre os partícipes, e que estes possam trazer para o circulo do debate as principais questões que envolvem o fazer pedagógico do grupo, que tem tanto a fazer pelas pessoas e com as pessoas com as quais trabalha, convive, educa, em seus espaços de existência.
Eis que trilhar um caminho explorado com a experiência acumulada, que se alimenta do estudo e da palavra que brota deste, com a inquietude das necessidades que dão tonalidades à realidade exige escuta das falas manifestadas e silenciadas, olhar inquiridor e acolhedor para a garantia da dimensão da totalidade, que a abrangência das forças da nossa ação/intervenção ou dos nossos sonhos devem abarcar. Alguém, que não me recordo o nome agora já disse, onde nossos braços não chegar ao menos coração deve alcançar, se há ali a necessidade do nosso olhar e cuidar. É uma perspectiva de que o todo deve estar na pequena parte que nos cabe, não é no sentido de diluir o pouco que fazemos pela perspectiva de abrangência da ação que a necessidade impõe, mas, ter em conta que, essa pequena parte se ressignifica à medida que contar com tantas outras somas que buscam alcançar com esse trilhar o mesmo intuito: um novo possível.
Pode-se perguntar será possível que essa experiência acumulada acima referida feita de aprendizagens de sujeitos que não se cansam da busca do saber, para melhor saber fazer suas próprias rotinas ou seus ordinários/extraordinários eventos encontrar formas de intervenção pedagógica que tenha a eficácia de alcançar a afetividade, a intelectualidade, a espiritualidade humana? Se não se tem resposta ainda, ao menos refletiremos sobre as possibilidades dessa questão tão salutar ao conteúdo desse círculo dialógico entre os educadores e entre estes e seus educandos e entre gestão que nunca pode deixar de contar e até mesmo cobrar a participação da comunidade.
Assim faz-se em essência a educação, com educadores que se reeducam também por meio dos fervorosos processos formativos que vão se consolidando no espaço escolar, e modificando a lógica de tempo de aprendizagem, que mais do que nunca precisa ser revista, como tempo que determina o movimento do que devo SER, ou estou sendo e não apenas de execução mecânica, e muitas vezes conteudista de programa do que devo RECEBER, ingerir e talvez aplicar, especialmente se não há respeito ao ritmo próprio de cada um para as apreensões de um novo, que se reveste de possibilidades.
Precisa-se não confundir, que jamais um educador intervém em sua realidade de sala de aula sem conteúdo, não é isso, mas podemos recorrer a literatura de educadores como Gandi , Carrilho, Vasconcelos, além de outros, que nos colocam que conteúdos são socialmente válidos, ou seja, a partir de que referencial almejado para o grupo com qual se trabalha seleciona-se, faz a opção do conteúdo de formação/intervenção, tendo em vista também o diagnóstico constatado na realidade a ser modificada. Só como ilustração vamos a esse pequeno preâmbulo, é como o médico que não pode intervir no tratamento de seu paciente sem saber seu estado de saúde ou de doença, quando há ausência da primeira. Esse viés explicativo pode ser encontrado no pensador Cipriano Luckesi quando fala do nosso modelo de avaliação escolar.
Retornando então ao foco dessa análise, é válido enfatizar que nesse campo político pedagógico, daí ser necessário recorrer ao Projeto, denominado legalmente como PPP que, caracteriza a identidade da instituição, tem o potencial de apontar seus rumos, recomendar que seja mais apropriado, para ser estudado, investigado cientificamente, desvelado, revelado pelo exercício do espírito crítico de educadores e educandos .
E aqui Paulo Freire se impõe para nós, não vamos fazer as mudanças para as pessoas, estas só se validam se forem realizadas com (ELAS). Pode ainda conduzir a evidências da real importância da participação dos membros que constituem esse corpo escolar que devem manter articulados os elos sociais de comunicação e interação nos diversos contextos de atuação.
Não há também diálogo, se não há uma imensa fé nos homens. Fé no seu poder de fazer e de refazer. De criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilegio de alguns eleitos, mas direito dos homens. (Freire, 2005 p. 93)
E para entendermos a urgência dessa temática, que não deve estar restrita a educação, porém sem ela não se pode pensar nesse novo possível em outras dimensões, tais como numa nova política pública para os diversos campos/territórios sociais, um novo mundo ou uma nova civilização planetária que possa partir de um novo paradigma de desenvolvimento com sustentabilidade social e ambiental, sem exclusão de nenhuma natureza, que o décimo fórum Social mundial, traz em seus diálogos e debates alternativas que se fomentam com a valorização da diversidade e a prática da solidariedade.

Tereza de Jesus R. Oliveira